sábado, 4 de dezembro de 2010

Fósseis Característicos das Eras




     Fósseis característicos, ou também denominados por fósseis de idade ou bons fósseis, são aqueles que permitem delimitar intervalos de tempo geológico relativamente curtos e que podem ser utilizados como um critério preciso de correlação estratigráfica.
Um fóssil, para ser um bom fóssil característico, tem que ter as seguintes características:
  • Necessita de ser uma espécie que tenha tido uma evolução relativamente rápida e que tenha sobrevivido num curto intervalo de tempo (ver Fig. 1). Portanto, a velocidade de evolução de um grupo de fósseis pode medir-se através da duração média das suas espécies, por exemplo, as espécies do taxon dos mamíferos atingem 1 Ma, os gastrópodes marinhos 10 Ma. Logo, os fósseis característicos são aqueles que têm a duração inferior à media dos seus grupos taxonómicos.
  • Necessita de ter uma distribuição geográfica ampla e se possível ao nível de toda a superfície terrestre. No entanto, isto não é possível, pois não existem espécies que se encontrem simultaneamente em fácies do meio marinho e do meio terrestre. Logo, os melhores fósseis do meio marinho são os de espécies nadadoras ou flutuadoras que vivam em águas de diferentes temperaturas e do meio continental são as espécies que podem viver em diferentes latitudes, altitudes e tipos de relevo.
  • E necessita que a sua presença seja abundante nas rochas sedimentares. Os fósseis mais abundantes nas rochas de fácies marinhas são os microfósseis e os nanofósseis marinhos e nas rochas das fácies continentais são os micromamíferos. 


     Portanto, certo fóssil pode ser mais indicado para datar um certo intervalo de tempo, mas noutros intervalos de tempo pode já não ser o indicado. Por exemplo, as Trilobites (do latim “três lóbulo”, devido ao formato do seu corpo (ver Fig. 2), são da classe dos Artrópodes e do subphilo Trilobitomorpha) são fósseis característicos do Paleozóico Inferior (ver Fig. 1).
     As Trilobites iniciaram a sua vida na Terra no Câmbrico, começando logo a diversificar-se no Câmbrico inferior. E nos finais deste Período sofreram uma extinção maciça em que só sobreviveram as que habitavam em ambientes pelágicos de águas profundas. No entanto, durante o Ordovício alcançaram a sua diversidade máxima, ocupando quase todos os nichos ecológicos marinhos.
     A partir do Silúrico as Trilubites diversificaram-se pouco e no Devónico, devido às suas crises, extinguiram-se todas as ordens excepto a Proetida. Durante o Carbonífero, as Trilobites, estão só restringidas a ambientes recifais. Por fim, os últimos elementos desta espécie desapareceram à cerca de 250 Ma, no final do Pérmico início do Triásico.

Fig. 1 – Fósseis característicos do Paleozóico, do Mesozóico e do Cenozóico. As linhas pretas correspondem ao intervalo de tempo que os fósseis disponibilizam uma informação mais precisa e as linhas a branco correspondem ao intervalo de tempo que os fósseis disponibilizam uma informação menos importante (na bibliografia em (3)).

Fig. 2 – Imagem de Trilobite (Ordem: Ptychopariida; Subordem: Ptychopariina; Superfamilia: Ptychoparioidea; Familia: Marjumiidae; Espécie: Modocia typicalis) (na bibliografia em (2)).

     Importa ainda referir que cada fóssil característico encontra-se sempre inserido num biohorizonte ou horizonte biostratigráfico, que é composto pelas superfícies estratigráficas que limitam a presença do fóssil (ver Fig. 3). A superfície de estratificação a partir da qual se dá o aparecimento um certo fóssil designa-se por biohorizonte de primeira aparição (BPA) e a superfície de estratificação a partir da qual o fóssil já não está presente designa-se por biohorizonte de última presença (BUP).
     Portanto, a distância entre os biohorizontes de uma mesma secção estratigráfica varia consoante os fósseis nela contidos (ver Fig. 3), devido à taxa de mudança evolutiva e à taxa de sedimentação dos matérias. Convertendo esta distância em tempo geológico, os biohorizontes referentes aos fósseis característicos são aqueles que têm uma distância mais curta.

Fig. 3 – Distribuição de diferentes fósseis (M, N, O, P e G) numa secção estratigráfica (BPA – biohorizonte de primeira aparição; BUP – biohorizonte de última presença) (na bibliografia em (3)).

     Em suma, a distribuição ideal dos fósseis seria aquela em que o BPA numa secção estratigráfica concreta coincidisse com o momento de aparecimento da espécie na Terra e que o BUP coincidisse com o momento de extinção da dada espécie. No entanto isso, na prática, normalmente não acontece, pois o que acontece é que o BPA pode ser posterior ao aparecimento da espécie na Terra e o BUP pode ser mais antigo que o momento de extinção da mesma espécie. Estes acontecimentos podem dever-se a impossibilidade de fossilização ou de preservação, fenómenos de migração, barreiras ecológicas, etc.
     Por fim, o desaparecimento da espécie denomina-se por extinção. Segundo Linares, em 1989, a extinção é um processo complicado que resulta da interacção dos factores físicos, ou biológicos (competição, predação, redução do bioespaço), ou da acção conjunta de todos eles. No entanto, desconhecem-se as causas detalhadas das extinções e estima-se que o meio físico e o biológico vão eliminando espécies continuamente, ao mesmo tempo que a evolução vai formando outras, umas com características parecidas com as anteriores e outras muito diferentes (Vera Torres, 1994).
     As extinções das espécies podem dividir-se em normais ou maciças. As normais são o desaparecimento gradual das espécies, ao passo que as maciças são o desaparecimento simultâneo de um elevado número de organismos, relacionado com catástrofes nos ecossistemas. As extinções maciças dividem-se em (ver Fig. 4):
  • Catastróficas – em que se dá o desaparecimento brusco de várias espécies.
  • Graduais – em que ocorrem episódios sucessivos de extinção, no meio dos quais um mais brusco.
  • Escalonadas – em que se reconhece um momento inicial e outro final da extinção.
Fig. 4 – Gráfico que mostra os diferentes tipos de extinções maciças, catastróficas, graduais e escalonadas. As linhas verticais representam o intervalo de tempo de cada taxon. EX – situação da extinção principal; EX-1 e EX-2 – fases de extinção previas à principal; EX-4 e EX-5 – fases de extinção posteriores à principal (na bibliografia em (3)).

     Bibliografia:

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